Meio de Rugai & Araújo modificado por Pessoa & Silva ou meio IAL

Atualmente conhecido como IAL (Meio Instituto Adolfo Lutz) foi inicialmente proposto por Rugai & Araújo, em 1986, com a intenção de eliminar as falhas existentes nos meios similares, até então usados.

Em 1972, Pessoa & Silva, desenvolveram um meio que possibilitou a pesquisa da motilidade e da descarboxilação da lisina, concomitantemente com as reações obtidas no meio clássico de Rugai & Araújo.

Este meio é utilizado para identificar as principais espécies de Enterobactérias, Víbrios e Aeromonas, permitindo em um só tubo a leitura, das seguintes reações: motilidade da bactéria indicado pela turvação da lisina na base, lisina descarboxilase, fermentação da glicose em profundidade e da sacarose na superfície do meio, produção de gás sulfídrico (H2S), gás em glicose, utilização do aminoácido L-triptofano (desaminação), hidrólise da uréia e no tampão do tubo, um desenvolvimento de coloração avermelhada que indica a formação de indol.

O meio IAL é constituído por duas fases, superior e inferior, separadas por uma camada intermediária, chamada vascar, de cerca de 2 mm.

1 - Fase Intermediária (Vascar)

Fórmula:

Vaselina líquida 90 mL
Cera de carnaúba 10 g

Preparo:

Pesar a cera e adicionar a vaselina em um copo de Becker e aquecer com agitação constante até completa fusão da cera e o aparecimento de uma mistura líquida homogênea. Tomando cuidado para não ocorrer o superaquecimento (repetir este procedimento de aquecimento toda vez que for usar o vascar). O vascar é armazenado em um recipiente de boca larga, rotulado em geladeira.

Distribuir cerca de 0,2 mL de vascar em tubos 12 mm x 120 mm antes de colocar a fase inferior do meio.

2 - Fase Inferior

Fase semi-sólida permite observar a descarboxilação da lisina e a mobilidade da bactéria. Após preparo, o meio apresenta coloração lilás.

Fórmula:

Extrato de levedura 1,2 g
Dextrose 0,2 g
Nitrato de potássio 0,2 g
L-Lisina 2 g
Ágar ágar 1,6 g
Solução alcoólica de púrpura de bromocresol à 0,2% 4 mL
Água destilada 400 mL
pH final = 6,4

 

Preparo:

Pesar todos os reagentes individualmente e adicionar a um balão com a água sem o ágar. Homogeneizar e verificar o pH 6,4.

Juntar o ágar-ágar, e aquecer levemente sob constante agitação até a completa dissolução do ágar. Distribuir 2 mL nos tubos de vidro 12 mm x 120 mm, já contendo o vascar.

Fechar cada tubo com rolhas de algodão hidrófilo (branco), colocá-los na posição vertical, embalar, rotular e autoclavar a 120° C por 15 minutos.

Após autoclavação, deixar solidificar em posição vertical a temperatura ambiente.

O vascar forma um anel sobre a fase inferior, só assim ele estará pronto para receber a fase superior assepticamente.

3 - Hidróxido de sódio (NaOH) 1N

Fórmula:

Hidróxido de sódio 0,4 g
Água destilada 100mL

Preparo:

Armazenar em frasco âmbar a temperatura ambiente.

4 - Solução alcoólica de púrpura de bromocresol a 0,2%

Fórmula:

Hidróxido de sódio 1N 1mL
Púrpura de bromocresol 0,2g
Álcool etílico 63mL
Água destilada 49mL

Preparo:

Adicionar 1mL da solução de hidróxido de sódio 1N à água e esperar 30 minutos para estabilizar. Após 30 minutos acrescentar a púrpura e o álcool, homogeneizar até a completa dissolução.

Armazenar em frasco âmbar à temperatura ambiente. Utilizar somente após 48 horas.

5 - Solução de substratos

Fórmula:

Citrato de ferro amoniacal 2 g
Tiossulfato de sódio 2g
Sacarose 80 g
Glicose ou Dextrose 10 g
Uréia 40 g
Água destilada 85 mL

Preparo:

Adicionar em um copo de Becker todos os reagentes previamente pesados e a água, em seguida levar ao banho-maria 65º C, para dissolver.

Após a completa dissolução, esterilizar por filtração e distribuir assepticamente em frasco âmbar com tampa de rosca já estéril. Armazenar em geladeira.

6 - Solução alcoólica de azul de bromotimol a 1,5%

Fórmula:

Azul de bromotimol 1,5 g
Álcool etílico (q.s.p.) 100mL

Preparo:

Pesar o azul de bromotimol e adicionar em um copo de Becker com um pouco do álcool para dissolver. Após a completa dissolução, completar com o restante do álcool (q.s.p.) para 100mL.

7 - Fase Superior

Meio sólido, permite observar a utilização da glicose em profundidade com ou sem produção de gás, utilização da sacarose e desaminação de l-triptofano (LTD), no ápice do meio, produção de H 2S, hidrólise da uréia e a produção de indol na rolha de algodão hidrófilo. Após preparo o meio apresenta coloração verde.

Fórmula:

Triptona 4 g
Extrato de carne 0,8 g
Cloreto de sódio 2 g
Fosfato dissódico 0,8 g
L – triptofano 0,4 g
Solução alcoólica de azul de bromotimol 1,5% 0,8 mL
Ágar ágar 4,4 g
Água destilada 400 mL
pH final = 6,4

Preparo:

Pesar todos os reagentes um a um e ir adicionando em um balão com a água sem o ágar. Homogeneizar e acertar o pH para 6,4.

Juntar o ágar, aquecer levemente sob constante agitação até a completa dissolução do ágar, evitando o superaquecimento. Tampar com algodão hidrófobo, embalar, identificar e levar a autoclave 120° C por 15 minutos.

Após autoclavação, resfriar à 65° C, adicionar assepticamente 1,75 mL da solução de substrato, para cada 100 mL de meio. Homogeneizar e distribuir assepticamente 2 mL deste meio em tubos de vidro 12 mm x 120 mm, contendo a fase inferior e o vascar já estéril e solidificado.

Colocar os tubos inclinados em ângulo de 45° a temperatura ambiente até solidificar. Após completa solidificação, rotular cada tubo e armazenar na geladeira em recipiente fechado, para que o meio não desidrate.

8 - Reativo de Ehrlich para indol (para teste na rolha de algodão)

Fórmula:

Paradimetilaminobenzaldeído 1 g
Ácido orto-fosfórico na formula líquida xaroposo 14 mL
Álcool etílico absoluto 50 mL
Água destilada (qsp) 100 mL

Preparo:

Em frasco âmbar com tampa esmerilhada, dissolver o aldeído no álcool.

Inoculação

O Meio de IAL deve ser inoculado com fio bacteriológico flambado e resfriado. Se Pega uma colônia a ser pesquisada, e inocula-se em picada (punção) até quase chegar ao final do tubo, cuidando para não mexer a agulha. Ao voltar à superfície semear em estria na superfície inclinada do meio.

Incubar em estufa bacteriológica a 37° C por 18 a 24 horas.

9 - Leitura do meio de IAL

Interpretação

Fase Superior

Ápice:

azul: sacarose negativa LTD negativo

Amarelo: sacarose positiva LTD negativo

verde garrafa: sacarose negativa LTD positivo

castanho: sacarose positiva LTD positivo


Base:

amarelo: glicose positiva

Base: amarelo: glicose positiva

Azul: uréia positiva

Preto: H2S positivo

amarelo com bolhas : glicose e gás positivos


Fase Inferior:

violeta : lisina descarboxilase positiva

Amarelo : lisina descarboxilase negativa

com turvação : motilidade positiva (móvel)

sem turvação : motilidade negativa se observa nitidamente o crescimento


Teste de indol na rolha:

Após a incubação pingar assepticamente, 2 à 3 gotas do reativo de Ehrlich para indol na rolha do algodão hidrófilo.

Indol positivo: algodão fica rosa ou vermelho

Indol negativo: algodão permanece sem cor ou com coloração amarelo.